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Cubos mágicos I – Nuvinci N360
Cubo com marcha interna não é novidade. Já existe há mais de 100 anos. Nuvinci N360, apesar de ser tecnicamente um cubo com marcha interna, é sim uma novidade no mercado. Seu funcionamento, comportamento e utilização se diferem em muito dos seus concorrentes. Algumas características boas e outras nem tanto. Em outra ocasião irei explicar a parte teórica deste equipamento. Este review será relacionado apenas a sua utilização.
Comando
Seu sistema de comando é por meio de um gripshift sem retorno por mola. São dois cabos de marcha que realizam esta operação, podendo ter seu comando invertido sem que ele deixe de funcionar. A principal vantagem de não possuir esse retorno é que teoricamente resiste mais a sujeira. Gripshift é sempre polêmico; eu mesmo não acho tão confortável quanto um trocador de botões mas é, seguramente, mais intuitivo que qualquer outro. Ainda, é complicado desenvolver um sistema com botões para 2 cabos e sem indexação.
O mostrador é muito bonito e bem acabado, porém, tem função mais estética que de orientação. Não da para ter uma ideia muito clara de qual multiplicação está tendo como base só simpático desenho.
A principal desvantagem do sistema com dois cabos é a instalação e desmontagem da roda (em caso de furos de pneu). É complicado, frágil e eu precisei do manual de instruções em todas as vezes, ao contrário de seus concorrentes que são bastante simples de entender apenas olhando.
Regulagem
Inexistente no Nuvinci N360. Exceto pela tensão nos cabos, não há nada para regular. Não existindo marchas definidas, qualquer posição do trocador é válida, coisa que nenhum concorrente tem. Terminou a montagem, pronto! Nada de ajustes com o passar do tempo.
No início do uso senti uma leve tendência de trocar de marcha sozinho, retornando para a posição média no trocador. Isso era sentido em longos trechos planos – litoral – onde a necessidade de troca é quase nula. Um pequeno ajuste na dureza do trocador e tudo resolvido.
Trocas
Nesse momento o Nuvinci brilha: trocas imperceptíveis. Acelera-se de 7 a 30km/h com o mesmo RPM sem notar a mudança de marcha: suave e contínua. É muito superior não apenas aos demais cubos com marcha interna, mas faz até câmbio de speed passar vergonha. Com um pouco de prática dá pra trocar de marcha pedalando de pé, com a segurança de uma troca “errada” ser impossível e, portando, reduzindo o risco de queda.
Apesar de se um sistema com marchas internas, a troca com a bike parada não é possível. Mais peculiar ainda é poder trocar com a bicicleta em movimento e sem pedalar. (característica causada pelo arranjo mecânico, explicado em outro post).
Se a opção for a troca pedalando, muito mais força é necessária no trocador. Em uma situação de giro extremo e completo – pedalando forte, com sapatilha e forçando a volta inteira – a marcha não passa. Retirando o “volta inteira” do experimento, percebi que o formato pulsado da força permite que, durante os “pontos mortos” da pedalada (pedais na posição superior onde não se consegue fazer força), a marcha possa ser trocada.
Manutenção
Inexistente. Por não possuir engrenagens que gastam e produzem limalha, a Nuvinci garante um funcionamento sem necessidade de trocas de óleo (sabe-se lá por quanto tempo).
Somado ao fato de não precisar regulagens, a ausência de manutenção justifica utilizar um pneu bom e resistente a furos e “esquecer” de cuidar da bike. Tá sempre funcionando e não precisa sujar as mãos para nada.
Eficiência
A eficiência deste conjunto, apesar de misteriosa em medidas exatas, tende a ser um pouco mais baixa que de um câmbio normal. Ainda assim, a possibilidade de marchas infinitas facilmente supera esta crise. Estimo que esta eficiência seja em torno de 90%. Pedalando forte (300W) com 10% de perda, resulta num aquecimento de 30W. Em uma inspeção manual na superfície, nota-se o cubo levemente aquecido. Os primeiros quilômetros em dias frios são um pouco pesados, com a viscosidade do óleo ainda em alta e a eficiência em baixa. À medida que esquenta melhora bastante.
A conclusão sobre este cubo é que realmente é uma inovação fantástica. Ainda mais se considerar que está apenas na segunda versão e ainda há muito detalhe a corrigir. É muito fácil de usar e confortável. Seu peso ainda é um grande problema e o torna inviável em competições. Sua amplitude de marchas também impede um MTB mais agressivo (360%). Mais silencioso que qualquer cubo com marcha interna e mais rápido que qualquer câmbio com descarrilador (pode se trocar da marcha mais longa para a mais curta em fração de segundo), recomendo seu uso.