Archive for julho, 2008
Com Correntes
Recentemente adquiri um grupo de 9 velocidades para a bicicleta de asfalto. Como já possuo algumas ferramentas úteis para a montagem de uma bicicleta, resolvi fazer isso em casa mesmo.
Um dos últimos passos foi remover dois pares de elos (4 elos na verdade, porém eles têm q ser removidos aos pares) para a corrente ficar com o comprimento correto e após removê-los os deixei juntos com alguns outros elos de correntes de 7 e 8 velocidades.
E para meu espanto elas são quase idênticas.
Paquímetro na mão e vamos verificar com números o quanto elas são diferentes.
Corrente 7 e 8 velocidades (1/2″x3/32″)
Distância interna entre placas internas: 2,4mm
Distância externa entre placas externas: 6,9mm
Comprimento do pino: 7,1mm
Diâmetro do rolo: 7,7mm
Corrente 9 velocidades (1/2″x11/128″)
Distância interna entre placas internas: 2,2mm
Distância externa entre placas externas: 6,55mm
Comprimento do pino: 6,2mm
Diâmetro do rolo: 7,7mm
Segundo o site da KMC, as correntes para 10 velocidades têm exatamente as mesmas especificações que uma corrente para 9 velocidades. Igualmente para correntes de 6, 5 velocidade encontram-se especificações das de 8 e 7 velocidades, porém são de uma era pré-index, e não funcionam bem em grupos modernos.
As correntes de 9 e 10 velocidades funcionam em todos os grupos inferiores, mas ainda quero testar as correntes de 8 em um grupo de 9. Quem sabe funcione. Quando eu fizer este teste postarei aqui.
De qualquer forma, a diferença construtiva é insignificante e não justifica que uma corrente de 9 velocidades custe cerca de 6 vezes mais que uma de 8 velocidades.
Você ciclista, cicloturista, usuário de bicicleta não permita que empurrem peças. Se você possui um grupo de 8 ou 7 e na sua bicicletaria houver diferença de preço entre as correntes de 7 e 8 leve a de 7. A única diferença é a embalagem e mesmo assim já cheguei a ver preços com diferenças de até 30% entre elas.
O mesmo parece ocorrer para 10 e 9. A especificação é a mesma. Já ouvi comentários dizendo que não são compatíveis e intercambiáveis, mas se as medidas são as mesmas (1/2″x11/128″) não devem ser diferentes. Assim que eu tiver ambas as correntes em mãos eu faço as medidas para desmistificar. Inclusive, caso alguém tenha reparado, os grupos de 10 surgiram logo após os de 9 (os de 9 demoraram pra surgir após os de 8), provavelmente por compartilhar a mesma tecnologia de fabricação de correntes e cassetes, só mudando o espaçamento. Embora a medida 11/128″ se refira ao espaçamento interno das placas, ao menos deveriam funcionar as correntes de 9 em grupos de 10, quem sabe exigindo uma regulagem muito precisa. Mas nestes casos as correntes de 10 e de 9 possuem preços muito próximos, que não justificam adaptações.
Para bicicletas com marchas internas (assunto de um tópico futuro) ou sem marchas existem bem menos restrições. Em geral qualquer uma funciona, pois não existem engrenagens próximas onde a corrente pode raspar.Existe apenas a engrenagem de 1/8″. Estas não aceitam correntes convencionais, apenas as respectivas 1/8″. O inverso é possível, lembrando que isto só é aplicável aos cubos de uma única engrenagem.
Discutindo relação parte 1: Marchas
Ao tentar adquirir qualquer produto para bicicletas, somos bombardeados por números, quando o produto se relaciona à transmissão, comumente escutamos: Grupo de 8, grupo de 9, 21 marchas, 18 marchas, 11-32, 12-23, entre outras diversas especificações.
Mas afinal, o que significa todos estes valores? qual mais se encaixa mais com a sua necessidade?
Esta é a pergunta que tentará ser respondida neste série de postagens voltadas a relação de marchas.
A grosso modo pode-se determinar o número total de combinações de marchas multiplicando o número de engrenagens da pedivela (tema que receberá atenção especial) pelo número de engrenagens ligadas diretamente ao cubo. Exemplos:
- Pedivela dupla, cassete de 9 engrenagens: 2×9=18 marchas (Bicicletas de asfalto nível intermediário).
- Pedivela tripla, cassete de 6 engrenagens: 3×6=18 marchas (Bicicletas todo terreno iniciante).
- Pedivela tripla, cassete de 8 engrenagens: 3×8=24 marchas (Bicicletas todo terreno intermediarias).
- Pedivela dupla, cassete de 5 engrenagens: 2×5=10 marchas (Legendárias Caloi 10, Monark 10, etc.).
Além de não ser possível usá-lo integralmente, (o total de marchas) por motivos de torção na corrente, muitas vezes sequer existe, pois algumas combinações são repetidas. Por este motivo, a partir da criação de cassetes de 8 engrenagens, tornou-se comum referir-se ao número de marchas apenas em função do total de engrenagens no cubo, ou seja, grupos de 8 velocidades, 9 velocidades etc. Uma medida um pouco mais honesta para o consumidor.
As facilidades trazidas pelo número de marchas ainda assim são um pouco nebulosas. Estas marchas são representas por engrenagens de 11 a 34 dentes (existe, na shimano China a linha Capreo com até 9 dentes, mas é para aplicações diferentes das conhecidas no Brasil) para engrenagens de 1/2 polegadas de passo. Quanto maior a engrenagem no cubo, mais reduzida a relação, “mais leve” a marcha e consequentemente quanto menor, maior a multiplicação e “mais rápida” a marcha.
A especificação para cassetes (engrenagens separadas encaixadas no cubo) e para catracas (engrenagens com roda livre embutida e rosqueada no cubo, caindo em desuso para utilização intermediaria ou superior), se dá pelo número das engrenagens menor e maior, no formato: número de dentes da engrenagem menor-número de dentes da engrenagem maior.
Para as aplicações em bicicletas todo terreno, para trechos montanhosos ou em bicicletas com bagageiros e alforjes costuma-se utilizar cassetes de grandes amplitudes. Esta amplitude é a razão entre a maior engrenagem pela menor. Uma amplitude de 250% corresponderia que para o mesmo RPM do ciclista, andaria a 2,5 vezes mais rápido utilizando a menor engrenagem quando comparado à maior engrenagem. Exemplos de combinações mais comuns no mercado brasileiro:
- Catraca 6 velocidades 14-28: 28/14=200%
- Cassete 7 velocidades 11-28: 28/11=254% (podem se encontrar catracas de 7 11-34, conhecidas como mega range voltadas para uso recreacional leve).
- Cassete 8 velocidades 11-32: 32/11= 290%
- Cassete 9 velocidades 11-34: 34/11= 310%
Estes exemplos mostram como um número de marchas elevado facilita para manter uma pedalada agradável mesmo em grandes subidas e ainda ter marcha para pedalar no plano e em descidas.
Mas em outras situações, a exemplo de bicicletas de estradas em trechos planos, bicicletas urbanas de cidades planas e bicicletas de competições (equipes e contra relógio) a velocidade não varia tanto. Porém passa-se muito tempo em uma mesma marcha. Isso exige que a bicicleta possua marchas mais próximas da ideal para tal velocidade. A conseqüência mecânica disso é que estes cassetes tenham marchas mais “próximas”, engrenagens com número de dentes mais próximos, não sendo tão importante a amplitude. Podemos chamar de salto a diferença entre o número de dentes de uma marcha e outra. Um salto de 10% significaria que para a mesma velocidade na marcha inferior precisa-se pedalar 10% mais rápido em comparação a marcha imediatamente superior. Quanto menor o salto, mais confortável para estrada. Exemplos:
- Cassete 8 velocidades 12-23: Salto médio 11,5% (bicicleta de estrada nível iniciante e entusiasta)
- Cassete 9 velocidades 12-23: Salto médio 10% (bicicleta de estrada nível intermediário)
- Cassete 10 velocidades 12-23: Salto médio 9,1% (bicicleta de estrada nível competição ou profissional)
- Cassete 7 velocidades 11-28: Salto médio 22,5% (bicicleta todo terreno)
Numericamente, mais marchas tendem a serem mais versáteis, pórem, antes de encerrar, devem-se fazer algumas considerações.
Um grupo de 7 marchas funcionando perfeitamente é mais útil que qualquer grupo desregulado de 8, 9 ou 10.
Mais marchas implicam em: Mais precisão, maiores custos, mais manutenção e maior dificuldade de operação.
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