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Discutindo relação parte 1: Marchas

Ao tentar adquirir qualquer produto para bicicletas, somos bombardeados por números, quando o produto se relaciona à transmissão, comumente escutamos: Grupo de 8, grupo de 9, 21 marchas, 18 marchas, 11-32, 12-23, entre outras diversas especificações.

Mas afinal, o que significa todos estes valores? qual mais se encaixa mais com a sua necessidade?

Esta é a pergunta que tentará ser respondida neste série de postagens voltadas a relação de marchas.

A grosso modo pode-se determinar o número total de combinações de marchas multiplicando o número de engrenagens da pedivela (tema que receberá atenção especial) pelo número de engrenagens ligadas diretamente ao cubo. Exemplos:

  • Pedivela dupla, cassete de 9 engrenagens: 2×9=18 marchas (Bicicletas de asfalto nível intermediário).
  • Pedivela tripla, cassete de 6 engrenagens: 3×6=18 marchas (Bicicletas todo terreno iniciante).
  • Pedivela tripla, cassete de 8 engrenagens: 3×8=24 marchas (Bicicletas todo terreno intermediarias).
  • Pedivela dupla, cassete de 5 engrenagens: 2×5=10 marchas (Legendárias Caloi 10, Monark 10, etc.).

    Além de não ser possível usá-lo integralmente, (o total de marchas) por motivos de torção na corrente, muitas vezes sequer existe, pois algumas combinações são repetidas. Por este motivo, a partir da criação de cassetes de 8 engrenagens, tornou-se comum referir-se ao número de marchas apenas em função do total de engrenagens no cubo, ou seja, grupos de 8 velocidades, 9 velocidades etc. Uma medida um pouco mais honesta para o consumidor.

    As facilidades trazidas pelo número de marchas ainda assim são um pouco nebulosas. Estas marchas são representas por engrenagens de 11 a 34 dentes (existe, na shimano China a linha Capreo com até 9 dentes, mas é para aplicações diferentes das conhecidas no Brasil) para engrenagens de 1/2 polegadas de passo. Quanto maior a engrenagem no cubo, mais reduzida a relação, “mais leve” a marcha e consequentemente quanto menor, maior a multiplicação e “mais rápida” a marcha.

    A especificação para cassetes (engrenagens separadas encaixadas no cubo) e para catracas (engrenagens com roda livre embutida e rosqueada no cubo, caindo em desuso para utilização intermediaria ou superior), se dá pelo número das engrenagens menor e maior, no formato: número de dentes da engrenagem menor-número de dentes da engrenagem maior.

    Para as aplicações em bicicletas todo terreno, para trechos montanhosos ou em bicicletas com bagageiros e alforjes costuma-se utilizar cassetes de grandes amplitudes. Esta amplitude é a razão entre a maior engrenagem pela menor. Uma amplitude de 250% corresponderia que para o mesmo RPM do ciclista, andaria a 2,5 vezes mais rápido utilizando a menor engrenagem quando comparado à maior engrenagem. Exemplos de combinações mais comuns no mercado brasileiro:

    • Catraca 6 velocidades 14-28: 28/14=200%
    • Cassete 7 velocidades 11-28: 28/11=254% (podem se encontrar catracas de 7 11-34, conhecidas como mega range voltadas para uso recreacional leve).
    • Cassete 8 velocidades 11-32: 32/11= 290%
    • Cassete 9 velocidades 11-34: 34/11= 310%

      Estes exemplos mostram como um número de marchas elevado facilita para manter uma pedalada agradável mesmo em grandes subidas e ainda ter marcha para pedalar no plano e em descidas.

      Mas em outras situações, a exemplo de bicicletas de estradas em trechos planos, bicicletas urbanas de cidades planas e bicicletas de competições (equipes e contra relógio) a velocidade não varia tanto. Porém passa-se muito tempo em uma mesma marcha. Isso exige que a bicicleta possua marchas mais próximas da ideal para tal velocidade. A conseqüência mecânica disso é que estes cassetes tenham marchas mais “próximas”, engrenagens com número de dentes mais próximos, não sendo tão importante a amplitude. Podemos chamar de salto a diferença entre o número de dentes de uma marcha e outra. Um salto de 10% significaria que para a mesma velocidade na marcha inferior precisa-se pedalar 10% mais rápido em comparação a marcha imediatamente superior. Quanto menor o salto, mais confortável para estrada. Exemplos:

      • Cassete 8 velocidades 12-23: Salto médio 11,5% (bicicleta de estrada nível iniciante e entusiasta)
      • Cassete 9 velocidades 12-23: Salto médio 10% (bicicleta de estrada nível intermediário)
      • Cassete 10 velocidades 12-23: Salto médio 9,1% (bicicleta de estrada nível competição ou profissional)
      • Cassete 7 velocidades 11-28: Salto médio 22,5% (bicicleta todo terreno)

        Numericamente, mais marchas tendem a serem mais versáteis, pórem, antes de encerrar, devem-se fazer algumas considerações.

        Um grupo de 7 marchas funcionando perfeitamente é mais útil que qualquer grupo desregulado de 8, 9 ou 10.

        Mais marchas implicam em: Mais precisão, maiores custos, mais manutenção e maior dificuldade de operação.

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