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Cubos mágicos III – Shimano Alfine 8
Reminiscências
A linha de cubos com marchas internas da Shimano recebia a nomenclatura de Nexus. Dentre as opções houveram cubos com 3, 4, 5, 7 e 8 marchas. Até o 7, a construção mecânica era muito semelhante aos Sturmey Archer e alguns modelos da Sram/Sachs.
Voltados para o uso urbano e recreativo leve, esses sistemas de transmissão presavam pela baixa manutenção e durabilidade. As trocas não eram tão suaves e deveriam ser feitas sem torque – risco de dano –, além de possuir uma amplitude não muito grande. Por esses motivos era ainda muito distante da performance de um sistema convencional de uma MTB (ex.: Sys basicão, Alívio, Deore …).
Um novo Nexus
Foi somente com a chegada do Nexus 8 que o cenário mudou. Sua amplitude passava de 300%, tornando-o comparável a um cassete. As demais características de confiabilidade e baixa manutenção permaneciam.
O sucesso foi muito significativo. Pouco tempo depois veio a versão premium do Nexus 8, a Red Line. Na sequência a Shimano decidiu por criar uma linha inteira nova de produtos chamada Alfine.
Um tão-novo-nexus-que-é-um-alfine
No Alfine pequenas melhorias técnicas foram realizadas em relação ao Nexus 8. Entre elas está a utilização de rolamentos de agulhas no lugar de algumas buchas nos sistemas planetários da transmissão.
Dessa forma o cubo Alfine 8 deixou o conjunto com alta eficiência mecânica e colocou o sistema com marchas internas num outro patamar. Aproveitando a proximidade dos usuários de MTB, a Shimano inovou e criou um trocador com botões com qualidade e acabamento similar aos mais altos grupos de peças de MTB.
Roller Clutch: embreagem de sobrevelocidade com rolos e uma troca inteligente
Um de seus destaques em relação as demais transmissões internas está a possibilidade de trocar de marcha mesmo recebendo torque. Nem todas as marchas serão trocadas quando se preciona o botão (ou gira o grip shift, ainda disponível) porém o botão pode ser pressionado. A marcha ficará pré-selecionada e será trocada quando o nível de torque reduzir. Nenhuma peça será danificada e o trocador não ficará travado. Diríamos que é a prova de falhas.
Um das razões mecânicas para esse comportamento é a engenhosa utilização de “roller clutch”, ou embreagem de sobrevelocidade com rolos. Resumidamente não há catracas com pinos internamente. São rolos que travam utilizando o atrito ao invés de ressaltos e dentes. Isso garante um acoplamento suave, lembrando muito a troca de marchas de carros automáticos.
Pode-se trocar de marchas com a bicicleta parada, mas a relação selecionada só entrará em funcionamento após cerca de meia volta – decorrente do uso do Roller Clutch.
Outra vantagem deste sistema é a ausência de ruidos. Não chega a ser tão silencioso quanto o Nuvinci, mas está bem superior aos concorrentes de engrenagens (Sturmey Archer 8 velocidades, por exemplo).
Instalação, regulagem e manutenção
A instalação e regulagem é muito simples e voltada para ser feita pelo próprio usuário da bicicleta e se assemelha na forma de fixação do cabo com o Sturmey Archer 8.
A manutenção se resume a relubrificação. É complexa mas não está fora do alcance de uma bicicletaria mediana e há bastante suporte da Shimano para explicar como ela deve ser feita.
Pedala, pedala e amacia
Como os demais concorrentes de marchas internas, verifica-se uma melhor eficiência após uns meses de amaciamento e também uma certa resistência durante os primeiros quilômetros durante um dia frio em função da viscosidade do lubrificante.
Arranjo mecânico
O arranjo mecânico é bastante complexo, o que não confere necessariamente uma distribuição igualitária de espaçamento entre as marchas. Algumas delas são muito próximas entre si (torno de 10%) e outras podem chegar a 20%. Isso torna um pouco desconfortável de pedalar em trechos planos longos pois corre-se o risco de não ficar na relação adequada.
GEAR CHART
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 |
---|---|---|---|---|---|---|---|
0.53 (Low) | 0.64 | 0.75 | 0.85 | 1.0 | 1.22 | 1.42 | 1.62 (High) |
Sem dúvida é uma excelente opção para quem está cansado dos sistemas de marcha por descarrilhador e busca algo confiável e eficiênte. Sua aceitação tem sido grande o suficiente para ser utilizado inclusive em MTB e marcando uma nova fase dos cubos de marchas internas.