Discutindo Relação parte 2: Pedivelas
Recentemente meu amigo adquiriu um conjunto de peças para sua bicicleta de asfalto e me perguntou qual o cassete mais adequado, se seria um 12-23 ou um 12-25.
A resposta desta pergunta depende, além do relevo, tipo de pedalada, carga na bicicleta entre outros fatores mais humanos, de um fator estritamente mecânico: A pedivela. Ambos (pedivela e cassete) formam juntos a relação de marcha da bicicleta, devendo estar de acordo com o propósito da bicicleta.
Nesta postagem, teremos uma orientação mais generalizada, deixando de lado marcas e suas mais variadas formas de apertos, materiais e daremos mais atenção ao número de engrenagens e de dente, que são os fatores relevantes de fato na transmissão. Estaremos desconsiderando as marchas cruzadas e relações repetidas, pois estes serão assuntos de outras postagens.
Pedivela é o componente mecânico que corresponde a engrenagens movidas de uma transmissão por correntes. Ela é o elemento que transforma o movimento das pernas em tração linear na corrente. O braço delas possui valores entre 170 e 180 mm na sua grande maioria e podem possuir engrenagens com número de dentes entre 20 e 56 dentes.
Na prática, considerando uma engrenagem fixa no cassete, quanto maior o número de dentes na pedivela, mais força teremos que fazer no pedal, porém poderá atingir velocidades maiores. Por conseqüência, engrenagens com poucos dentes permitem um giro mais leve das pernas, porém restringe apenas para baixas velocidades.
Por causa disso, no mercado de peças encontramos basicamente estas composições de pedivelas: Elas podem ser duplas (com duas engrenagens) ou triplas. Sua especificação descreve o número de dentes de todas as engrenagens.
48-38-28: Peças de bicicletas todo terreno nível iniciante, bicicleta de cicloturismo, bicicletas urbanas. É recomendada para pessoas que pedalam em baixo RPM, e em terrenos planos. Combinadas com cassete de 11 dentes, possuem uma relação para altas velocidades, próximas a de uma bicicleta de asfalto. É uma das únicas opções para catracas que possuem menor engrenagem de 14 dentes (14-28) e não se saem bem em subidas íngremes por ter a menor com 28 dentes, muito menos caso esteja com bagagens ou sem um bom preparo.
42-32-22 (podendo ter alguma das engrenagens com terminação 4). Já foram conhecidas como pedivelas reduzidas. Ótimas senão essenciais para terrenos acidentados e trilhas fechadas e situações onde se é difícil pedalar em pé, como subidas escorregadias e com alforjes pesados. Combinadas com engrenagens de 32 ou 34 dentes no cassete permitem “escalar paredes”, mas embora atinjam velocidades razoáveis com a combinação 42×11, não são recomendadas para bicicletas de estrada.
52-40 (variações como 53-39). Provavelmente a primeira das pedivelas múltiplas. Inclusive a média delas corresponde ao número tradicional de dentes de pedivelas simples. Sua utilização é restrita para bicicletas de estrada. Acerta-se o cassete de acordo com o tipo de relevo e velocidade que se pretende atingir. Trechos planos, de contra relógio e de altas velocidades permitem utilizar combinações como 54-42, 56-42, etc. Subidas muito íngremes são fortemente prejudicadas pela falta de engrenagens com menos dentes, porém competidores costumam ter um ótimo preparo físico que compensa isso.
52-42-30. Muito fácil de encontrar atualmente. Desenvolvidas para dois públicos alvos. Cicloturistas de asfalto (que utilizam as bicicletas hibridas) e para ciclistas de finais de semana de trechos montanhosos que sabiamente sabem que não possuem um preparo de profissional e optam pelo conforto de uma combinação mais leve. Se achar desnecessário apenas não a utiliza.
50-34. As famosas compactas. Popularizaram-se nas provas tipo Tour, em trechos muito íngremes e hoje podem ser encontradas até mesmo em componentes de base. Possuem grandes vantagens como marchas para subidas e ao mesmo tempo não se sacrifica marchas para altas velocidades, sem o inconveniente de marchas cruzadas das pedivelas triplas. Isto se da por utilizar a maior diferença de dentes entre as engrenagens seqüentes (16 dentes). A mais versátil, atendendo bem ciclistas de estrada de todos os níveis e para diversos relevos.
A escolha de uma pedivela necessita de certa experiência e conhecimento do próprio ciclista, pois nenhum fabricante ou vendedor sabe exatamente onde, como, quanto e com o que você vai pedalar. Por exemplo, uma bicicleta com pedivela reduzida (42-32-22) com cassete 11-32 se utilizada no asfalto plano terá muitas combinações que não serão utilizadas por serem “leves demais” e a situação inversa também pode ocorrer. O ideal é que se utilizem todas as engrenagens (tanto da pedivela como do cassete) de maneira igual (é natural que, pela distribuição Gaussiana, se tenha um desgaste mais acentuado nas engrenagens intermediarias) e não falte marcha nem para velocidades altas nem para subidas. Caso isso não esteja ocorrendo, juntando teias de aranhas em algumas marchas e fazendo um esforço fora do comum em outras, provavelmente está utilizando uma relação incorreta para a sua aplicação.
This entry was posted on quarta-feira, agosto 13th, 2008 at 0:30 and is filed under Componentes Mecânicos. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. Responses are currently closed, but you can trackback from your own site.
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