Em shopping até bicicletário é vitrine
Domingo chuvoso, precisando sacar dinheiro. Olho na garagem, o carro e a bicicleta. Aperto o manete de freio e facilmente a bicicleta levou a disputa. Jaqueta impermeável, cartão na pochete, cadeado e chave. É tudo que eu preciso, afinal documento e carteira de motorista não me seriam muito úteis.
Chego no local mais próximo para tal operação, o Shopping Jardim das Américas , nome pomposo que também é dado ao bairro e onde este se situa, em frente ao Centro Politécnico da UFPR. De datas anteriores eu já havia reparado a presença de um bicicletário dentro do estacionamento.
Perfeito. Entro no estacionamento pela entrada dos carros e me deparo com o bicicletário. Algumas bicicletas mais simples, outras não, mas ao todos deviam ser menos de 10. Número triste para um centro comercial de bairro, principalmente quando comparado ao número absurdo de carros. Melhor para mim. Escolho a dedo o melhor local, fixo a bicicleta, coloco cadeado e corrente. Entro no shopping, caixa eletrônico , saco o dinheiro e vou até a bicicleta , tiro corrente, subo nela e vou em direção a saída pra retornar pra casa. Momentos procedentes: (1) Rapaz de terno e radio ,(2) Eu
– (1) Ei , por gentileza, pode sair do estacionamento.
– (2) Sim eu estou saindo, tirei a bicicleta do bicicletário e estou em direção àquela saída.
– (1) Mas não pode circular de bicicleta aqui dentro.
– (2) Sim eu estou saindo, tirei a bicicleta do bicicletário e estou em direção àquela saída.
– (1) É um procedimento de segurança, não pode circular e bicicleta aqui dentro.
– (2) E como eu faço para sair daqui então?
(30 segundos de hesitação tipico de pré-resposta sem sentido)
– (1) Pega a bicicleta e vai empurrando até aquela saída do outro lado do shopping, como se você estive a pé.
– (2) Que falta de respeito com os ciclistas!
Tudo bem, sai de lá, empurrando a bicicleta e pensando, é uma idéia interessante. É tão boa que acho que todo mundo devia sair de lá empurrando seu veículo. Seja ele um patins, uma bicicleta, uma moto, um carro ou uma dessas diversas picapes que peruas gostam de dirigir no shopping. Não apenas as bicicletas.
(5 minutos depois, ao telefone da minha casa:)
– Administração do shopping Jardim das Américas , boa tarde?
– Boa tarde. Eu moro perto do shopping e gostaria de saber se teria como eu ir de bicicleta até o shopping, tem onde deixá-la?
– Claro, tem bicicletário, só precisa trazer corrente.
– E daí eu entro pela entrada e na hora de sair eu saio pela saída como se estivesse de carro?
– Ahn?
– E daí eu entro pela entrada e na hora de sair eu saio pela saída como se estivesse de carro?
– Sim num tom de “é obvio!”)
– Então você pode me fazer um favor?
– Sim.
– Avisa os seguranças, pois eu acabei de sair dai depois de ter levado advertência de um deles por tentar sair com a bicicleta.
– Qual que era?
– Um moreno gordinho.
– Ah tá. (30 segundos de hesitação tipico de pré-resposta sem sentido) É que você só pode sair por onde você entrou. No caso você deveria ter utilizado o acesso do G2.
– Mas ali é só entrada de carros , mal passa um carro, você acha mais seguro sair pela contramão dos veículos numa rampa estreita?
– Ah, você esta de bicicleta consegue dar um jeito.
– Muito obrigado, tenha uma boa tarde.
Achei melhor terminar a conversa por ali mesmo. A pergunta é: Por que tanta irritação com algo tão inofensivo quanto uma bicicleta? Não podem simplesmente tratar como se fosse uma moto que não faz barulho nem solta fumaça? Talvés o errado seja eu mesmo, e não os funcionarios incompetentes e uma administração infeliz. Talvés o errado seja eu mesmo, pois naquele jardim (das américas) só da pra entrar se fizer barulho e fumaça.
This entry was posted on domingo, outubro 19th, 2008 at 16:45 and is filed under Ativismo. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. Responses are currently closed, but you can trackback from your own site.
outubro 20th, 2008 at 9:00
lulis says:Pois é. Se soubessem me explicar “porquê” eu até atenderia o pedido sem reclamar… No Crystal, esses dias, também me advertiram de que eu deveria descer a rampa de entrada “empurrando” a bicicleta. Certamente deve ser “seguro” empurrar lentamente uma bicicleta por uma longa e estreita rampa em que os veículos descem à velocidade que bem entendem (será que alguém adverte eles para circular mais devagar porque podem haver ciclistas no meio da rampa?).
novembro 5th, 2008 at 22:46
marlonn says:hahaha tinha que ser voçê mesmo…putz , fiquei de cara mesmo. Adoro reler este post. Muito hilário….
(30 segundos de hesitação tipico de pré resposta sem sentido)
hAUhaUhA…
agosto 29th, 2009 at 14:03
Gerson says:Ótimo…pelo menos fiquei sabendo que tem bicicletário lá…estava pesquisando isso no google….vou experimentar e ver se recebo uma chamada do guardinha também…
Um abraço