Carro na rua, voto na urna
Sinceramente, não sei por que insistem em promover “dia internacional sem carro” e outros eventos assim. A maioria dos motoristas de carro, ao se dar conta de um evento assim, ou finge que não viu, ou pensa
“que bom, vai ter menos carros, vai ficar mais rápido para eu dirigir o MEU carro sozinho”.
Verdade seja dita, em horários mais movimentados, quem faz trajeto bairro-centro e o oposto, sozinho, de carro já está no ápice da preguiça de mobilidade, e não iria substituir sua sedentariedade para poder ajudar a locomoção de uma população como um todo. Óbvio que muitos têm a real necessidade, seja por segurança (a noite, Curitiba e demais capitais estão perigosas) ou por não haver linhas de ônibus inteligentes (muitos trajetos bairro-bairro passam pelo centro, despendendo um tempo enorme) ou por transportar objetos pesados e volumosos (não! bolsas femininas cheias de tralhas não entram nessa categoria).
Vamos aos fatos que todos sabem mas muitos têm medo de admitir.
Trânsito urbano, tende a piorar: Tal problema pode ser amenizado por investimentos altíssimos, mas não resolvidos. Mas e então? Investir em saúde pública e segurança pública ou incentivar a maior parte da população a manter o traseiro no banco do motorista de um carro? Além do mais, avenidas largas e rápidas em trechos urbanos tornam as cidades muito hostis, perigosas, feias entre outros diversos problemas.
Estatísticas enganam: 1,8 pessoas por carro em Curitiba. Esta estatística poderia ser ótima. Imaginem cada carro circulando com quase dois pessoas dentro. Pronto! Não precisaria sequer de transporte público! Mas infelizmente isto ocorre da pior forma. A maioria esmagadora dos carros circula sozinha e ainda sobra o restante da população pra andar com as outras formas de transporte.
Não é possível todos andarem de carro. Multiplique a área projetada de cada carro, multiplique pela número de pessoas que circulam nas áreas quentes de uma cidade e divida pela área das ruas do centro da cidade. É, não cabe, nem se forem Gurgel BR800, quem dera as SUV e os sedans cada vez maiores.
Se não houvesse carros e sim ônibus para todos chegaria mais rápido do que se chega hoje de carro nos horários cheios. A frota de ônibus seria grande, o suficiente para todos andarem sentados, mas andaria. Além do mais, motoristas de ônibus são muito bem preparados, não bloqueiam cruzamentos, se ajudam, e fazem auto-escola a cada seis meses pra manter a qualidade.
Existem muitos outros fatos relacionados a mobilidade urbana. Mas em ano de eleição, vale todo tipo de mentira. “Vamos melhorar o trânsito”, “trincheiras, viadutos, etc.”, “avenidas mais largas”.
Não adianta incentivar o transporte desta forma. Não se resolve desta forma. Mas, numa sociedade como a de Curitiba que tem uma das frotas mais novas de automóveis, entretanto, carro na rua é sinônimo de voto na urna. O Próprio metrô é uma idéia que têm apoio de todos, pois muitos pensam que ele vai tirar ônibus das ruas e assim sobrar mais espaços pra andar de carro.
Então, eu acho que ao invés de dia internacional sem carro, devia ter um dia onde todos andassem de carro.
Daí o trânsito ia ficar tão travado e ruim que ia ficar claro pra todo mundo com mais de dois neurônios que quem atrapalha o trânsito não são as bicicletas, não são os motoboys, não são os ônibus, não são os taxis, sinaleiros, pedestes, entre outros elementos que geralmente levam a culpa pela lentidão das locomoções.
This entry was posted on domingo, outubro 5th, 2008 at 11:59 and is filed under Ativismo. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. Responses are currently closed, but you can trackback from your own site.
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