Urbanismo Estruturado
Imagine um balde. É preciso colocar dentro dele a maior quantidade de pedras grandes, pedras médias, pedras pequenas e areia.
Quem já ouviu esta historia sabe que a forma inteligente de resolver esta situação é começando pelas pedras maiores, após coloca-las passar para as pedras medias, de forma que elas consigam se posicionar entre os espaços vazios entre as pedras grandes. Enfim, diminuindo a granulosidade até encerrar colocando a areia. Invertendo a ordem na qual estes elementos são colocados resulta em espaços desperdiçados e falta de espaço útil, tendo por fim apenas um balde cheio de areia ou um balde com espaçoes vazios.
Existe inclusive uma parábola que usa este raciocínio nos qual as pedras grandes são “as coisas mais importantes” e devem ser utilizadas antes.
Se tratando de urbanismo, deve-se seguir o mesmo pensamento. Temos um espaço limitado, que é um centro urbano. Espaço este que além de limitado cresce numa velocidade inferior a sua demanada, ou seja, ficando cada vez mais disputado. Os itens a serem colocados neste espaço seriam os pedestres, ciclistas, o transporte coletivo, e por fim os veículos particulares. Ainda há uma ultima e muito importante categoria que se refere a acessibilidade , a qual engloba idosos, gestantes e portadores de limitações motoras.
E como deveriamos iniciar este preenchimento?
Sem dúvida devemos dar prioridade a acessibilidade. Todos somos passiveis de precisar dela, seja por idade, por doença ou acidente. Rampas de acesso, calçadas largas e planas entre outros pequenos detalhes são tão simples quanto essenciais.
Em segundo lugar obviamente vem os pedestres. Prioridade absoluta no Código Nacional de Trânsito, todos nós somos desde crianças seres que caminham. Não importa se possui um helicoptero ou se não possui nem dinheiro para roupas, todos somos pedestres. Para estes, espaços livres e sem obstáculos. Publicidade em calçadas? Estacionamento no lugar de calçadas? Cruzamentos no centro sem sinaleiros para pedestres? Não não. Lembremos o código de trânsito prevê preferência para os pedestres e respeito obviamente deve vir antes disso.
Naturalmente segue-se para os ciclistas. A bicicleta nada mais é que uma ferramenta, que otimiza a energia humana transformando-a em rapidez e agilidade. Seu custo é extremamente baixo e utilizar uma bicicleta geralmente vem logo após aprender a andar, dada sua semelhança e simplicidade. Sua função no cenário urbano é reduzir o tempo e o cansaço nos deslocamentos, porém respeitando a preferência dos pedestres. Portanto após resolvida a estrutura para as pessoas caminharem, segue-se, num mundo de urbanismo perfeito, para a construção de ciclovias e ciclofaixas de qualidade.
O transporte coletivo entra praticamente junto da bicicleta.Quase todos podem usar e é de relativo baixo custo. Automóveis e motocicletas de forma igualmente óbvia entram nas ultimas prioridades. São espaçosos, barulhentos, caros e limitados.
Esta seria uma estrutura de sequência para uma cidade perfeita. Assim como na análogia do balde e das pedras, respeitando-se esta ordem obtem-se um bom aproveitamento do espaço.
E o que acontece se invertermos a ordem? Acontece o que é a realidade em muitas cidades brasileiras onde temos avenidas onde o congestionamento deixa o fluxo quase parado, mas que não podem sequer serem atravessadas a pé pois o perigo de 4,5 até seis faixas continuas torna atropelamentos quase inevitáveis.
This entry was posted on sexta-feira, março 19th, 2010 at 21:55 and is filed under Ativismo. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. Responses are currently closed, but you can trackback from your own site.
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