Ciclovia para carros
Ainda estou para ver, pelo menos em Curitiba, alguma obra que tenha ciclovias úteis.
Ciclovias nesta capital que ja fez animadas campanhas como ” Mobilidade” e “dia sem carro” encontram-se exclusivamente entre duas condições.
A primeira condição relaciona-se com parques. Ou compoe um trajeto circular dentro da área do próprio parque, ou constitui parte de uma semi-rede de ciclovias interparques. Algumas destas ciclovias são excelentes, bem cuidadas, sinalizadas, agradáveis de se pedalar e com cenários muito belos.
Estas ciclovias resolveriam todos os problemas de ciclovias se todos morassem em algum parque e trabalhassem em outro. Na prática é muito difícil achar alguma utilidade nestes meios para transportar-se de casa para o trabalho/escolas/faculdade no dia-a-dia.
A outra condição de se encontrar ciclovias são como as destas fotos abaixo:
Estas “ciclovias” não são de fato ciclovias. Podemos chamar de várias coisas, como “zona de decaptação por placas de trânsito” , “vias para colisões com carros saindo da garagem”, ” caminho com fraturas causadas por pontos de ônibus irregulares” , “desvie o poste e árvores para continuar vivo”, etc, mas não de ciclovias. Qualquer ciclista que preza pela própria vida prefere andar na rua do que nestas ciclovias-arapucas. Por isso dificilmente encontra-se bicicletas nestas ciclovias.
Durante muito tempo eu me perguntei do porque destas ciclovias se não há utilidade. Mesmo em obras recentes como a “Linha Verde” tiveram gastos para construção de uma ciclovia de extrema inutilidade.Por que construi-las?
Minha dúvida durou muito tempo até que um dia (no qual não estava de bicicleta) escutei um comentário que me esclareceu esta questão: ” olha o ciclista, quase foi atropelado, também, ao invés de andar na ciclovia…”
A resposta ficou bem clara para mim. Estas ciclovias servem apenas, única e exclusivamente para motoristas. Todos os quase acidentes envolvendo motoristas e ciclistas onde o motorista é culpado, este pode ser inocentado através de uma simples frase: ” a culpa é dele que não estava na ciclovia”. É obvio que se a ciclovia fosse de algum modo mais segura, o ciclista nela estaria, porém dada a ausência condições mínimas para ser considerada uma ciclovia, ele utiliza de um direito garantido pelo código de transito:
Artigo 58 – Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores.
Porém, como os motoristas não sabem a situação da calcada asfaltada ( termo correto ), muito menos o código de transito, sobram desrespeito com ciclistas e álibis para mal motoristas.
Bons exemplos não faltam, como os catarinenses da adorável cidade de Timbó.
*Observações: Para obter as fotos foi preciso uma ridícula procura de poucas quadras, mostrando que falta de ciclovias reais são bem frequentes.
This entry was posted on quinta-feira, junho 18th, 2009 at 22:29 and is filed under Ativismo. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. Responses are currently closed, but you can trackback from your own site.
junho 18th, 2009 at 23:47
du says:Ciclovia é para carros. Acho que foi a melhor conclusão sem dúvida. Calçada asfaltada não é sinônimo de escoamento para bicicleta, até porque daí vem a união pra facilitar mais a vida dos motoristas: CIRCULAÇÃO COMPARTILHADA: Pedestres + Bicicleta. Muito ágil!
junho 19th, 2009 at 10:00
Rogério Leite says:Ciclovia é para desculpar os maus motoristas! Isto é a conclusão definitiva! Aqui se fala muito e tb não se faz nada. Inspirado pelo O PEDALEIRO, montei um mapa de Recife com os aparatos urbanos dedicados a nós e pasme tem até alguma coisa boa! Mas tem cada esperteza tb… a mais interessante é uma CICLOFAIXA que SÓ PODE SER UTILIZADA nos DOMINGOS entre 6h da manhã e 14h! Ou seja, quando seria preciso, nos horários em que dezenas de trabalhadores de baixa renda pedalam para o trabalho, NÃO PODE SER USADA! E vendo suas fotos, pelo visto, a “inteligência” nacional vem sendo muito bem usada! Para não dizer o contrário!
junho 22nd, 2009 at 12:42
luana says:Devemos lembrar também aos nossos queridos motoristas e diplomatas que, por lei, a bicicleta é considerada um meio de transporte, devendo seguir regras e possuir o mesmo respeito que qualquer veículo motorizado. O problema da falta de uma boa estruturação de ciclovias nas cidades se soma à falta de respeito dos motoristas, que pensam que lugar de ciclista é na calçada, oras! Os nossos queridos pedestres que se incomodem! Então, após o ciclista ser praticamente expulso das pistas de rolamento, e das calçadas (algumas são asfaltadas, é verdade), encontra o “sossego” nas famosas canaletas, onde por sinal acontecem muitos acidentes tanto com pedestres quanto com ciclistas, haja vista a velocidade (e que velocidade!) e a conduta que os motoristas devem tomar: é melhor matar um do que os 50 dentro do ônibus! Oras senhores, a conclusão que se chega é: melhor matar um ciclista, do que construir ciclovias decentes que realmente atendam a demanda de uma cidade que, além de ser considerada metrópole, também é considerada um exemplo a ser seguido!
agosto 26th, 2009 at 14:14
mARLONN says:Adorável cidade de Timbó ^^ rsrss
Very cool !
setembro 28th, 2009 at 11:44
Nicholas says:É realmente muito ruim o estado de nossas ciclovias. Onde tem asfalto novo, é mais ondulado que trilha. Para mim, que ando ainda de caloi 10 (pneus finos e sem suspenção) o sofrimento chega por baixo… sem contar que é muito fácil perder o controle numa 10 quando passamos por trechos esburacados. Uso muito também o trecho entre o Bacacheri e a Barreirinha, seguindo a linha do trem. Cuidado com os pedregulhos que rolam da linha da ALL.
sds
setembro 30th, 2009 at 10:50
Nicholas says:De minha parte seria hipócrita reclamar da inutilidade das ciclovias uma vez que dos 12 km que separam minha casa na Barreirinha ao meutrabalho em Pinhais, apenas 2 faço fora de ciclovias. Agora concordo plenamente que devo ser um dos poucos curitibanos privilegiados com esta coincidência extraordinária. Agora quanto ao estado de execussão e de manutença delas eu concordo plenamente… PRECÁRIO. Além da má (ou inexistente) manutenção, faço questão de salientar a péssima execução de certos trechos (asfalto irregular). Não é a toa que tem um monte de gente por aí andando na cidade com Mountain Bikes com suspenção ativa. Eu como usuário da clássica Caloi10, não tenho opção se não trabalhar em pé depois de uma corrida até o trabalho.
Outra nota: mesmo quando uma ciclovia acompanha o trajeto de uma via preferencial (como a Victor Ferreira do Amaral), nós ciclistas temos que parar de esquina em esquina pois a ciclovia vai pela calçada e não pela rua. Cadê a funcionalidade de nossas ciclovias? Cadê o compromisso ambiental de nossa “capital ecológica”????
CYCLE, RECYCLE, AND CYCLE A LITTLE MORE!
setembro 19th, 2011 at 15:10
PauloR2 says:A condição precária das ciclovias é culpa nossa também. Quantos que ligam para o 153 quando encontram um obstáculo como uma caçamba de detritos, um carro estacionado ou qualquer outro empecilho? Já fiz uma dúzia de reclamações pelo 153 e fiquei surpreso com a rapidez com que o Diretran se deslocou até o local.
Se não fizermos uso da estrutura de fiscalização que existe, nunca haverá respeito.