Rodar com rodas
Na UFPR existe uma interessante obra para conectar dois campi (Politécnico e Botânico). Trata-se de uma passarela larga e segura sobre a BR-116.
Esta fantastica e vistosa estrutura metálica teve um acessório mediocre que fez tirar, ao meu ver, todo o seu brilho.
Este acessório era um conjunto de 3 obstáculos metálicos posicionados com a intenção de limitar o acesso apenas a pedestres. Nenhum problema até ai, porém esta frase implica em “impedir o acesso de bicicletas” também. Na prática apenas dificultar, pois não era de fato proibido.
Por muito eu fiquei chateado apenas de ter que sair da bicicleta, carrega-la por cima dos obstáculos e voltar a subir nela para seguir ao meu destino. Porém um dia me veio a mente um absurdo muito maior que a minha insistência ciclistica podia imaginar:
Como um portador de necessidades especiais (cadeirantes), alunos ou não da universidade, poderia utilizar tal acesso?Se arrastando no chão e jogando a cadeira de rodas por cima do obstáculo? Não passaria e tentaria cruzar a BR pela própria BR de castigo por não poder andar? Obvio que toda a mídia de “assessibilidade” , ” universidade para todos” entre outras besteiras que reitores, vereadores e prefeitos enchem o peito para falar se volatilizam em pequenos detalhes que só quem leva estes termos sérios a sério consegue perceber.
Desde então eu comecei a reparar que toda vez que eu não podia utilizar alguma forma de via (falta ciclovias decentes, ausência de guias rebaixadas, falta de sinalização que ajudem ciclistas, obstáculos propositais ou não) pedalando ( por opção), eu percebia que este problema é muito pior para quem possui necessidades especiais ( que obviamente não é por opção), assim como idosos que ja possuem alguma restrição com flexibilidade e consequêntemente dificuldade com degrais.
Portanto podemos ver que criar acessos dignos a ciclistas cria também acessibilidade condizente para diversos outros usuários.
E o termo certo é portador de necessidades especiais, pois deficiente é apenas a insulficiente infra estrutura das cidades brasileiras.
Observação 1: O problema da passarela para meninas de salto alto ( pois o piso era de grade ) foi resolvido antes do problema dos obstáculos.
Observação 2: Cadeiras de rodas incorporam diversos elementos tecnológicos das bicicletas, como cubos, pneus, especificação de tubos e algumas ja possuem rodas de fibra de carbono e outras inovações interessantes
Observação 3: Para diversão , existem as handbikes que possuem marchas inclusives e são bem versáteis (ver video).
This entry was posted on segunda-feira, junho 8th, 2009 at 11:12 and is filed under Ativismo. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. Responses are currently closed, but you can trackback from your own site.
junho 9th, 2009 at 8:26
Rogério Leite says:Problema muito pior é quando o poder público apenas deixa de pensar. Aqui em Recife, qualquer cadeirante ou pessoa que possua alguma restrição de movimento, como pessoas idosas, etc, depara-se com calçadas esburacadas, muitos estabelecimentos que estendem seu estacionamento as calçadas, obrigando o tráfego de pedestres pelas vias movimentadas, inúmeros desníveis da calçada, etc. Por isto, mesmo aceitando que é uma solução radical, acho que a solução daquele alemão que passava LITERALMENTE por cima dos carros estacionados na rua era a ideal. Quando as pessoas começarem a exigir seu direito a calçadas decentes, quando as reações dos pedestres frente aos carros começarem a se tornar mais efetivas, quem sabe o poder público se lembre que para estar onde estão precisam do nosso voto!
junho 15th, 2009 at 13:23
Rodrigo says:Concordo plenamente com os problemas expostos, só vale lembrar que os obstáculos da passarela do botânico já foram removidos!!!