Ser ciclista é ser multifuncional
O que diferencia o ciclismo ( em estrada, fora dela, cicloturismo entre outras divisões), que é uma atividade de longa duração, longas distâncias e com um equipamento bem especifico ( a bicicleta ) dos demais esportes?
O que diferencia é também o que afasta iniciantes de se envolverem com a atividade. É a grande necessidade de conhecimentos em outras áreas que torna o ciclismo algo com tão poucos adeptos.
Entre estes conhecimentos podemos citar a meteorologia, uma vez que estar a 50km de casa sem levar nenhuma roupa extra caso esquente ou esfrie exige uma ótima estimativa sobre o tempo durante varias horas. Em cidades instáveis como Curitiba, isto é quase uma arte, que se aprende a muito custo.
A própria orientação espacial é algo vital neste esporte. Principalmente no cicloturismo e no ciclismo fora de estrada, é imprescindível saber onde se está, para onde se vai, qual o relevo esperado, por quais rodovias passará. Utilização de mapas e GPS é um passo mais avançado mas igualmente esperado.
Mas como assunto desda página é a bicicleta, vamos nos focar neste objeto para caracterizar as barreiras desta atividade, uma vez que os itens acima podem ser encontrados no montanhismo, escalada entre outros.
A bicicleta infelizmente é um meio de transporte que carece de manutenção constante. Manutenção preventiva e corretiva. Portanto, pode-se dizer que para pedalar é preciso ser também mecânico de bicicleta.
Isto ocorre porque câmbios desregulam com facilidade, pneus furam frequentemente, selim e mesa precisam ser posicionados milimetricamente para ficarem confortáveis. Embora estes itens sejam básicos, estão longe de serem fáceis e intuitivos de serem feitos.
Além destes, temos que ter um conhecimento mínimo sobre desgaste e durabilidade de peças, principalmente se for pedalar por vários dias onde é difícil conseguir peças de reposição.
Desta forma, caso esteja familiarizando com este esporte, poderá perceber como já esta adquirindo um grande conhecimento sobre tipos de chaves ( allen,chave de boca, etc), sobre parafusos ( M4, M5, sextavado interno e externo) , sobre roscas ( direita e esquerda ( os pedais tem roscas diferentes em cada lado) inglesa e métrica. Provavelmente esta diferença será aprendida após espanar um parafuso que “quase” entrou) e conseqüentemente uma boa capacidade de estimar valores como torque ( de aperto em parafusos) e pressão ( em Bar ou Psi) nos pneus e as conseqüências da variação destas grandezas.
A necessidade destes conhecimentos técnicos mostram-se um grande empecilho para atrair novos praticantes. A manutenção preventiva ( substituição de peças gastas antes de sua falha) pode ser feita em bicicletarias ( $$ ) sem precisar entender sobre bicicletas, porém, na medida que este veículo se torna um elemento do seu dia-a-dia, não há como escapar de aprender sobre esta fantástica máquina de propulsão humana.
This entry was posted on quinta-feira, fevereiro 19th, 2009 at 21:20 and is filed under Ativismo, Componentes Mecânicos. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. Responses are currently closed, but you can trackback from your own site.
fevereiro 20th, 2009 at 8:16
Eduardo says:O assunto não só inibe aqueles que desejam praticar o esporte, mas existe o outro lado da moeda. Aqueles que resolvem se envolver, sem buscar essas informações.
Neste caso ocorrem aquelas situações clássicas tipo: Lá em Alm. Tamandaré, com um pneu furado, fazendo trilha, e não sabe trocar. E aí por diante. É fundamental entender a bicicleta e o contexto, conforme as citações relacionadas ao montanhismo, para a atividade não se tornar uma coisa depreciativa.